domingo, 16 de dezembro de 2007

Minimalismo


Adoro as pessoas minimalistas. Tem mulheres que conseguem andar com bolsas mínimas! Eu não consigo, sou espaçosa. Vou trabalhar de mochila, bolsa a tiracolo e, por vezes ainda, um blaser e uma outra sacola pendurados. Não é raro entalar na roleta do ônibus com tantas alegorias e adereços. Todo dia eu penso: preciso diminuir o volume. Mas quem disse que eu consigo? Eu começo a inventariar o conteúdo das bolsas: caneta - essencial; pen drive - essencial; maquiagem - essencial; carteira - essencial; roupa pra ginastica - essencial; escova de cabelo - essencial; escova de dente - essencial; porta moedas - essencial; crachá - essencial; chaves - essencial; agenda - essencial... Tudo que carrego é essencial! Na pressão de tirar algo da bolsa, decido pelo porta moedas. Como pesam essas moedas, não é? Já me sinto mais leve!!!

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Sobre tortura

Recentemente foi disponibilizado um relatório que pretende prestar contas (ou, ao menos, começar) sobre o período negro da ditadura militar no Brasil. O livro, chamado Direito à Memória e à Verdade: Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, é uma iniciativa da Secretaria Especial dos Direitos Humanos (http://www.presidencia.gov.br/estrutura_presidencia/sedh/) e está disponível no seu site. Publicação bonita, representa um trabalho árduo, que vem ocorrendo desde 1995. No seu segundo capítulo, comenta sobre o fenômeno da ditadura na América Latina, detalhando melhor o processo ocorrido no Brasil. Um bom material para os estudantes pesquisarem (se é que se ensina isso na escola...).
Depois, o documento trata do trabalho da Comissão, descreve a Lei 9140/95 (criticada pelos defensores dos direitos humanos), e entra no seu assunto núcleo: a busca da história dos desaparecidos políticos. Foram analisados mais de 300 casos, e o resultado é relatado no documento. Não li tudo (são mais de 500 páginas), e não é uma leitura fácil pelo tema que se coloca. Também não tenho nenhum tipo de conhecimento técnico sobre o assunto, nenhum parente que tenha desaparecido, mas tenho uma sensibilidade extrema ao tema. Por isso a minha curiosidade de abrir o documento, consultá-lo.
O que me ocorreu foi que, se até hoje não temos nada de concreto sob a forma de resposta para essas famílias de desaparecidos, o que teremos, no futuro, para os familiares de desaparecidos da atual “ditadura do tráfico”? Porque estamos vivendo isso novamente - ou não? Porque pessoas são mortas a uma velocidade muito maior que na ditadura, seus corpos são mutilados, carbonizados, escondidos. Várias mães ficam sem poder enterrar seus mortos. E o slogan do tal documento ficou bombardeando a minha cabeça:

Para que não se esqueça.
Para que nunca mais aconteça.


Pois ainda acontece, embora de forma diferente. Claro que não sei a resposta para isso. Nem sei se cabe a minha comparação, mas, de certa forma, quem entra pro tráfico, entra para uma espécie de regime militar (basta ver as armas) e passa a agir segundo uma lógica perversa que o cidadão comum não consegue compreender. E quando o cidadão comum se encontra com essa lógica, há grande chance de não voltar para contar a história. Muito se fala sobre violência, ainda mais com o sucesso estrondoso do filme Tropa de Elite mesmo antes da estréia. Mas pouco se faz, e a cada dia que passa, mais difícil fica tomar alguma atitude. Talvez reconhecer os erros do passado seja um grande passo. Esse documento é quase nada para quem teve seus familiares desaparecidos, mas pode ser um princípio de reação. Ou de chamada de atenção para o tema. Há gerações que preferem não enxergar o que houve, maquiam essa época importante e delicada da nossa história para que as fotos fiquem mais bonitas. Precisamos pensar nisso, precisamos ensinar nossos filhos, precisamos de, pelo menos, algumas respostas. Afinal, pode estar acontecendo de novo, só que, desta vez, em uma classe social com menos recursos, que não tem voz para gritar pelos seus mortos. Dessa vez, sem um ideal político, apenas o econômico. Devo ser mesmo idealista, mas creio que só fazendo pensar, refletir, educar é que conseguiremos começar a romper com esse ciclo de violência que vivemos desde os tempos de colônia. E se tudo que posso fazer é provocar, lá vai.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Esquizofrenia Corporativa


Esse tema daria um novo blog, mas resolvi começar nesse mesmo para ver se cola.

Vocês já repararam que as empresas estão ficando esquizofrênicas? Elas ouvem vozes do além, têm crise de identidade, se sentem perseguidas... um horror. Sobra sempre para nós, que não desistimos de ser pessoas. Aliás, tão raro ver gente hoje em dia, né? As empresas não gostam de gente, pedem que se priorize as tarefas delegadas por ela, que não se tenha vida pessoal, que se trabalhe mais e mais a cada dia. E nós vamos esquecendo como é ser pessoa. A família cobra, o corpo reclama, mas nós estamos estressados e não podemos parar. Aí vêm os divórcios, os problemas com os filhos, as doenças e estresses em geral, e não sabemos o que fazer com isso. Enfim, um dia, deixamos de ser gente e viramos empresa, e achamos que essa vida é boa. Ocorre que, um belo dia, a empresa - sim, porque aqui ela volta a ser ela e não mais nós - nos demite ou aposenta. E então nos vemos na mais absurda miséria. Sem amigos, sem hobbies, sem prazeres nem conversa. Fazer o que? Não sabemos mais ser gente... então é esperar o grande final para receber da empresa - aquela - uma coroa.
Afe! Eu ainda sou gente. E por isso eu choro, eu sofro, eu me sinto injustiçada. Às vezes acho eco, muitas outras não. E vou seguindo, na esperança de não deixar de ser gente nunca, mesmo que tentem me transformar numa barata.
Outro dia, mais reflexões...

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Taberna Greenman

Continuando a série de dicas de bares e afins...

Conheci há pouco a Taberna Greenman, um simpático restaurante temático Irlandês. Com comida boa e cervejas fortes da Irlanda, o bar guarda ainda uma curiosa surpresa: ele fic anos fundos do Templo de Brigith, dedicado ao ocultismo e magia. Lá é possível encontrar cursos, massagens, produtos esotéricos e, se quiser saber sua sorte, consultar cartomantes. O local tem mesmo um clima mágico e vale uma visita.

Rua Real Grandeza, 314,Botafogo
Tel: 2527-2190
www.templodebrigith.com.br

Mofo

Ontem fui conhecer um lugar muito interessante e queria contar para vocês.
Estive no Mofo, um simpático bar no Flamengo. Lá tudo é a base de cachaça,
mas também há espaço para vodka e saquê. Recomendo fortemente que vocês experimentem
(caso ainda não conheçam) os pastéis que levam cachaça na massa. Ficam leves,
crocantes, divinos. Eu comi um de picanha maravilhoso. O preço de cada pastel
varia entre R$3,00 e R$ 5,00.
As bebidas são um capítulo à parte. Eles servem uma tábua de caipirinhas
fan-tás-ti-ca! A tábua também pode ser de caipivodka ou caipisaquê (a que
eu experimentei). Vem 7 copos de 120 ml cada nos exóticos sabores de: morango
com gengibre, uva com manjericão, fruta do conde, melancia com manjericão,
banana com canela, queijo com goiaba, abacaxi com hortelã. A de saquê custa
R$30,00, as outras são um pouco mais baratas. É um escândalo de gostoso.
Não percam!!!

Mofo - Rua Barão do Flamengo, 35 loja C
Tel: 2179-8284

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Museu da Língua Portuguesa


Estive recentemente em São Paulo e fui conhecer o Museu da Língua Portuguesa. Mesmo tendo feito faculdade de Letras e sendo amante dos livros, suspeitava de um museu sobre algo tão abstrato. Como assim um museu sobre a nossa língua? - eu me perguntava. Achava que devia ser uma chatice, muito estático. Que mente mais antiquada, não? Uma vez em São Paulo e após ouvir vários elogios ao museu, resolvi me abrir para essa experiência e fui lá. Encontrei um museu fantástico, moderno, bem resolvido. Pude assistir um filme sobre a origem da linguagem que envolveu toda a platéia e depois me deliciar com belas poesias recitadas por famosos enquanto eram projetadas no teto, num verdadeiro show de criatividade. Foi uma lição que eu já tinha esquecido: aprender português pode ser divertido. Não sei como pude esquecer isso, pois tive um excelente professor que foi o responsável direto pela escolha da minha faculdade. Ainda bem que essa memória veio à tona, pois depois disso brinquei feito criança nos computadores que mostram a origem de algumas de nossas palavras e numa espécie de mesa onde manipulamos pedaços de palavras para formar várias palavrinhas novas. Uma delícia! Cheio de atrações interativas - citei apenas algumas, entre outras tantas possibilidades - o museu me surpreendeu e conquistou. Perdi a hora lá dentro e ainda tinha uma exposição temporária sobre Clarice Lispector que não fui ver porque o museu já estava fechando e eu ainda brincava com as palavras. Prometi a mim mesma que não só voltaria como recomendaria a todos. Pelo menos a segunda promessa estou começando a cumprir!

Informações:
http://www.estacaodaluz.org.br/
Praça da Luz, s/nº
São Paulo - SP
CEP:01120-010
Telefone:
(11) 3326-0775
E-mail:
Museu@museudalinguaportuguesa.org.br
Bilheteria:
De terça a domingo, das 10h às 17h
Museu: Fecha às 18h
Não abre para visitação às segundas-feiras
Preço do ingresso
R$ 4,00 (quatro reais)
Estudantes com carteirinha pagam meia-entrada
Professores da rede pública com holerith e carteira de identidade são isentos do pagamento do ingresso
Crianças até 10 anos e adultos a partir de 60 são isentos do pagamento do ingresso
O ingresso só poderá ser pago em dinheiro
Não há venda antecipada de ingresso
Aos sábados a visitação ao Museu é gratuita

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

De volta das férias

Mal voltei de férias e já estou precisando de outras. Na verdade, o fato de ter que voltar já causava desânimo. Qualquer coisa causaria desânimo após uma semana no navio. É como se fosse uma semana no Big Brother. Tudo novo, espaços a explorar, amizades novas e superficiais, notícias ruins não nos alcançam, todos parecem felizes, uma ilha da fantasia. O luxo, as atrações, as paradas em cidades turísticas, a comida, tudo impressiona. O balanço do navio, que no começo causava enjôo, depois fica no nosso corpo mesmo quando estamos em terra. A tripulação, italiana, é um espetáculo a parte. E a imponência do navio é algo sempre bonito de se ver.

Mas voltei. E fico me cobrando: você tem que escrever no blog! Tudo bem, ninguém lê isso, mas sofro da ancestral culpa católica. E resolvi escrever. O navio é um bom tema, então comecei com ele. Mas já se passou um tempo e não sei como continuar. Resolvi então mudar de tema...

Na volta, ainda em clima de férias, fui ao cinema. Assisti “Volver” do Almodóvar e recomendo a todos. Fiquei com vontade de escrever sobre ele. É um filme denso, com um toque trágico, uma pitada de humor e, sobretudo, as cores da Espanha de Almodóvar. É um filme feminino, com personagens femininas, dedicado a uma trama feminina. O que não e impedimento algum para uma platéia masculina, que ri e se diverte tanto quanto nós, mulheres. Mas é diferente do último filme de Almodóvar que eu vi, o excelente “Má educação”. Nesse as relações mais íntimas são discutidas, os dramas familiares são expostos, e as mulheres revelam seu poder batalhador, seu poder de sobrevivência. As atrizes são fantásticas (destaco Penélope Cruz cantando uma música típica espanhola), os cenários alegres, os diálogos envolventes. Definitivamente é um daqueles filmes que eu gostaria de ter feito.

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Foto de Marco Antônio Teixeira

Ano Novo

Esse reveillon foi diferente. Pela primeira vez em anos, não levei flores pra Iemanjá nem formulei pedido algum. Eu estava exatamente onde queria estar, na praia de Copacabana, abraçada com minha filha e simbolicamente parada de frente para 2007. Olhava para o meu futuro próximo: os transatlânticos parados na praia, ao lado das balsas de fogos. O momento em que me dei conta disso foi mágico.

Durante os meus primeiros 12 anos de vida passei o reveillon em Ipanema. Meus avós paternos moravam lá e era tradição familiar passar o Natal no Grajaú com a família de minha mãe e o Ano Novo com a família do meu pai em Ipanema. Eu adorava as duas festas, cada uma com seus sabores, cheiros e rituais. Sempre tive em mim uma incurável carência familiar, resultado de uma sucessão de filhos únicos em meu pequeno núcleo e esses momentos com casas cheias de gente me alegravam a alma. Eu me sentia parte de algo maior e gostava de ouvir outras vozes, outras histórias que também me pertenciam, embora passasse o ano todo afastada delas. Os momentos festivos foram interrompidos quando minha mãe morreu subitamente em um 24 de dezembro. Eu tinha 13 anos e não conseguia entender bem o que isso significava.

Demorei 20 anos pra retornar ao tradicional reveillon na zona sul, sob um céu de fogos maravilhosos, muito mais high tech do que os que eu me recordava. E, como tradição é tradição, passei com minha filha (única) e com parte da minha família paterna.

Eu me dei conta então que na passagem de 2006 para 2007 eu finalmente estava me sentindo pronta, resolvida. Foi como se unisse em um único momento passado, presente e futuro. O retorno aos fogos, símbolo de coisas boas que ficaram pra trás, o abraço de minha filha e o navio ao longe, onde estarei em alguns dias. Eu estava bem e apenas agradeci a Iemanjá por me proporcionar esse momento após um ano de mudanças. Por ainda me permitir sonhar, fazer graça, redescobrir e escrever.

Espero que 2007 seja melhor, claro, que seja de concretizar e que, na passagem para 2008 eu possa novamente agradecer mais do que pedir. Obrigada, Iemanjá!